Numa pequena cidade do interior, em frente a um hospital ,encontravam-se duas meninas tristonhas à espera do avô, para confirmar o que já sabiam: a morte de seus pais. Tinham acabado de sofrer um acidente de carro quando estavam indo visitar o avô, que morava num sitio um pouco afastado da cidade. Era viúvo há 11 anos e vivia só, numa casa grande e velha.Entraram na caminhonete antiga e foram embora com seu avô, ele decidiu que as meninas ficariam com ele, que era o único parente delas.
Chegando lá, as duas se depararam com uma casa velha, onde tinham alguns animais no terreno e um cachorro deitado na varanda.
- Vamos meninas, vocês já conhecem o Half.
- Preguiçoso como sempre! – disse Hanna, era a mais velha e tinha 17 anos, cabelos encaracolados e claros.
- Ele parece ate mais gordo – acrescentou Sofia com um leve sorriso. Era mais nova que Hanna 2 anos, e mais baixa também, cabelos lisos como os do pai. – Vamos pra dentro Half, está frio aqui fora...
- Não se preocupe, esse preguiçoso não se importa com frio, só saí daí pra comer ou quando chove – disse o velho Astolfo com uma cara de reprovação ao olhar o animal – E eu que queria um cachorro pra cuidar da casa...
A casa era exatamente como lembravam, a ultima vez q tinham ido ali, foi quando sua avó tinha morrido, eram muito pequenas mas a casa era igual, pois Astolfo preferiu conservar a casa do jeito que sua ex-mulher deixou.
- Temos que arrumar a casa, pro velório dos nossos pais – disse Hanna com a voz meio trêmula, ainda abalada com a recente morte.
- Vocês podem fazer isso meninas? Tenho que voltar para a cidade e resolver tudo
- Claro, nós arrumamos tudo.
Enquanto falavam, Sofia olhava as coisas que tinham na casa, viu varias fotos, inclusive uma onde estava com sua irmã e seus pais, ao lado uma foto do avô e a avó já falecida. Também tinham fotos do pai delas quando era criança, do casamento dele com Emanuelle e de outros parentes que Sofia não conhecia.
Minutos depois, ouviram o barulho do motor da velha caminhonete, o que indicava que Astolfo já estava voltando para a cidade.Depois de se instalarem no quarto de visitas, começaram então a arrumar a casa.
- Sofia, você limpa lá em cima e o sótão.
- Tudo bem – resmungou ela, que sempre se lamentava de ficar com o trabalho pesado, mas não estava com vontade de reclamar dessa vez. Ela subiu e começou a arrumar os corredores,os quadros das paredes estavam tortos e os enfeites de mesa empoeirados, limpou os quartos e o banheiro do andar de cima, depois disso, foi limpar o sótão .
Teve que subir num móvel para alcançar a portinha do porão que ficava no teto da casa e puxou para baixo a escada e subiu. O porão parecia ser mais velho e sujo que qualquer outra parte da casa, Sofia se surpreendeu pois achava os outros cômodos igualmente velhos. Começou a limpar e achou uma caixa com mais fotos antigas.
- Nossa, a vó Charlotte gostava mesmo de fotos . – e jogou o álbum de volta na caixa junto com os outros. Achou também uma outra caixa com o nome de seu pai , Gregório , e foi até lá vê o que tinha. Nela achou os primeiros sapatinhos do pai, alguns brinquedos da infância e outras lembranças que Charlotte guardou do filho.
Demorou duas horas mas ela conseguiu limpar tudo, só faltava uma estante muito alta, que por sinal ela não alcançava, teve que subir num baú com roupas que a avó usava na juventude , que por sinal agradou Sofia. Ela limpou tudo na estante, mas tinha uma portinha trancada, mas ela queria abrir e ver o que tinha ali dentro.Começou a vasculhar a estante procurando uma chave, revirou tudo e então achou dentro de um cinzeiro escondido atrás de uns livros.Ela abriu a portinha e lá havia uma caixa não muito grande, de madeira e detalhes de veludo cor de vinho.
Quando ela pensou em abrir a caixa e ver o que tinha nela, ouviu sua irmã chamar da porta do sótão:
- Sofia, você já terminou?
- Já sim, eu só...
- Certo! Vovô ligou,ele já está voltando pra nos ajudar a arrumar o velório, alguns amigos dele irão vir também.Vamos, tome banho e venha me ajudar aqui em baixo
- Hanna, espera aqui tem uma...
- Rápido Sofia, não temos tempo pra conversar agora. – E ela desceu sem deixar Sofia falar mais nada, pois sabia que ia começar a falar e não podia perder tempo.
Sofia deu uma ultima olhada na caixa e fechou a portinha, mas guardou a chave no bolso.
Algum tempo depois, os amigos de Astolfo chegaram, não eram muitos, mas conheciam Gregório desde criança e Emanuelle não muito, mas simpatizavam com a mãe das meninas.
O enterro foi ali mesmo, no sítio. Astolfo resolveu que seriam enterrados perto do túmulo de Charlotte.
Depois de terminado o enterro, todos foram embora e Astolfo continuou lá, contemplando os túmulos enquanto as meninas se despediam de um casal que estava indo embora. Eram os últimos.
Sofia olhava de longe o avô colocar flores num vaso que tinha no túmulo de Charlotte e lembrou da caixa.
- Hanna! Tem uma coisa que eu preciso te mostrar.
- O que você tem?
- Sério preciso te mostrar uma coisa que achei no sótão.
- Depois você me mostra, agora eu preciso dormir, vamos.
Com a cara emburrada, Sofia acompanhou a irmã e entrou em casa.
♦Continua...
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